A terceira maior cidade da Argentina, Rosário, localizada a 300 km de Buenos Aires, terá uma peculiaridade em 2024. Isso porque foi nesse município que foi firmado o primeiro contrato de aluguel seja pago com bitcoin (BTC). As informações são do jornal Página 12 da última quinta-feira (11).
Diante da crise que assola o país — que se reflete na inflação de mais de 200% em 2023 —, diversos aluguéis passaram a ser cobrados em dólar. Porém, um decreto recente do presidente da Argentina, Javier Milei, permite o afrouxamento regulatório para as trocas no país, dando margem para o pagamento com criptomoedas.
Segundo o jornal, tanto o locador quanto o locatário são “experientes usuários” de criptomoedas e as transações serão feitas pela Finwind, uma empresa local de negociação de ativos digitais.
Assim, o aluguel será de um preço fixo e equivalente a US$ 100, atualmente cerca de 0,0021 BTCs — 108 mil pesos argentinos na cotação paralela ou pouco mais de 80 mil na cotação oficial.
Uma das características mais marcantes das criptomoedas é a volatilidade. Os preços podem subir e descer a uma taxa de até dois dígitos em um único dia, o que pode gerar alguma incerteza quanto aos preços — e, consequentemente, de poder de compra.
Na Argentina, há a cotação “dólar cripto”, que equivale a 1.122 pesos — acima do dólar paralelo (ARS$ 1.080) e mais próximo do dólar MEP (ARS$ 1.105), também conhecido como “dólar financeiro”. Leia mais sobre as múltiplas cotações de dólar no país aqui.
- ONDE INVESTIR EM 2024: AÇÕES, RENDA FIXA, DIVIDENDOS, FIIS, BDRs E CRIPTOMOEDAS – INDICAÇÕES GRÁTIS
Na ponta do lápis
Com o preço fixo em US$ 100, o locatário se protege dessas oscilações. Mas e se fosse o contrário: ou seja, o aluguel fixo em 0,0021 BTCs?
Nós fizemos as contas: os 0,0021 BTCs que hoje equivalem a US$ 89,01. Há uma semana, essa mesma quantidade de bitcoins seria igual a US$ 102,33, quando a criptomoeda atingiu as máximas do ano. Nas mínimas, seria igual a US$ 87,40.
Portanto, se você, leitor ou leitora, quiser fazer um contrato de aluguel e pagar com bitcoin, lembre-se de atrelar o preço a uma moeda estável, como o dólar.
Bitcoin na Argentina — ou não
Uma inflação de três dígitos, a faca do Fundo Monetário Internacional (FMI) no pescoço e uma profunda crise social, com a pobreza atingindo mais de 40% da população. Esses são apenas alguns aspectos da economia argentina.
Com uma moeda cada vez mais desvalorizada e uma limitação do governo para que a população tenha acesso a uma reserva de valor como o dólar, o público argentino se voltou para as stablecoins lastreadas na moeda norte-americana, identificou a Chainalysis.
Essa tendência é confirmada pelo histórico de compras de algumas exchanges (corretoras de criptomoedas): conforme a desvalorização do peso argentino aumenta, a aquisição de stablecoins (tokens com lastro em ativos estáveis) também dispara no país.