A pauta da assembleia de acionistas da Gafisa (GFSA3), marcada para esta quarta-feira (7), acaba de sofrer uma alteração importante: um item que permitiria à administração da companhia “apurar e avaliar todos os prejuízos causados” pela Esh Capital foi retirado da pauta.
A alteração ocorreu após a gestora, que investe na empresa por meio de fundos, acionar a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) contra uma possível ilegalidade na inclusão do tema entre os assuntos a serem debatido pelos acionistas.
A Esh pediu a interrupção do prazo para a convocação da assembleia até que a autarquia se manifestasse sobre o item. E a “xerife do mercado” enfim se pronunciou: o colegiado da CVM permitiu que a AGE fosse realizada hoje, desde que o tema em questão fosse retirado da ordem do dia.
Além da vitória na pauta, a gestora também fortaleceu a posição na companhia antes da votação. Sua participação na incorporadora subiu de 9,48% para 10,07% ontem.
Relembre a disputa entre Esh Capital e Nelson Tanure na Gafisa (GFSA3)
Vale relembrar que a assembleia foi marcada a pedido da própria Esh, que quer discutir a suspensão dos direitos políticos de veículos de investimento supostamente ligados ao empresário Nelson Tanure na companhia.
Conhecida pelo ativismo, a gestora de Vladimir Timerman entende que Tanure deveria lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) pelas ações da Gafisa na B3.
Aliás, esta não é a primeira vez que a Esh pede uma assembleia para tratar do tema. No início deste ano, os acionistas da Gafisa rejeitaram a proposta de suspender os direitos políticos de Nelson Tanure e outros investidores supostamente ligados a ele.
No entendimento da gestora, o empresário possui hoje de mais de 40% do capital da incorporadora. Essa participação estaria oculta em veículos sob gestão da Planner Corretora, Trustee DTVM e do Banco Master. Na ocasião, as instituições negaram ligações entre si e com Tanure.
Agora, a Esh traz novos argumentos que supostamente provariam o vínculo entre os acionistas para embasar o pedido de assembleia. Você pode ler a íntegra da manifestação da gestora aqui.
A chamada cláusula de “poison pill” (pílula de veneno) faz parte do estatuto da Gafisa e prevê a realização da uma oferta quando um acionista ultrapassa os 30% do capital. O mesmo estatuto prevê que o acionista pode ter a suspensão dos direitos na companhia caso não faça a OPA.
Contra-ataque?
Dias depois após a Esh solicitar nova convocação de assembleia, contudo, dois acionistas pediram a inclusão na pauta da AGE o pedido que foi derrubado pela CVM hoje.
O item propunha que a companhia abrisse uma ação de responsabilidade contra a gestora de Vladimir Timerman, “contemplando pedido de bloqueio das ações”.
Um dos autores do pedido é o fundo Estocolmo, que a Esh alega ser um dos veículos por meio dos quais Tanure detém participação na Gafisa.
O outro autor é o Ravello. Não se sabe quem está por trás do fundo, mas uma consulta à carteira mostra que, além da construtora, o Ravello tem posição em ações da Azevedo e Travassos — que também possui Tanure como acionista.
A disputa e o sobe e desce das ações da Gafisa
Vale destacar que as ações da Gafisa vêm apresentando oscilações bruscas por causa da briga entre a Esh e Tanure. Os papéis chegaram a valer R$ 15,60 no início do ano, mas conforme a data da AGE foi se aproximando, começaram a perder valor.
Por volta das 11h25, as ações GFSA3 operavam em queda de 7,7%, a R$ 7,89. No mês, os ativos já acumulam baixa de 28%, enquanto no ano a perda é de 24%.