Iniciativa do Grupo DNA, estudo realizado na cidade de São Carlos identifica predisposições genéticas associadas ao alcoolismo
Um estudo conduzido em São Carlos (SP) pode revolucionar a forma como o Brasil lida com a prevenção ao consumo abusivo de álcool. Em uma iniciativa inédita no país, o Grupo DNA, referência em biotecnologia e genética, realizou uma investigação sobre o impacto da predisposição genética no padrão de consumo alcoólico da população.
A pesquisa envolveu mais de 200 moradores da cidade, que realizaram testes genéticos e responderam a questionários de saúde, comportamento e estilo de vida. O objetivo foi identificar variantes genéticas ligadas à metabolização do álcool, impulsividade e ansiedade, fatores que podem aumentar o risco de dependência alcoólica.
Os resultados mostraram que uma parcela significativa dos participantes apresenta variantes genéticas que dificultam a quebra do álcool no organismo, o que, teoricamente, poderia inibir o consumo. No entanto, o estudo também apontou que fatores ambientais e emocionais muitas vezes sobrepõem os alertas biológicos.
Relevância
A pesquisa ganha relevância em um cenário preocupante: segundo dados do Relatório Global sobre Álcool e Saúde da OMS (2023), o Brasil registra um consumo médio per capita de 7,8 litros de álcool puro por ano, com cerca de 13% da população adulta envolvida em episódios de consumo excessivo (binge drinking).
Ainda segundo o Ministério da Saúde, o álcool é responsável por mais de 85 mil internações por causas totalmente atribuíveis ao seu uso, todos os anos no país.
Atualmente em fase intermediária, o estudo já aponta caminhos promissores para a aplicação da genética na prevenção ao consumo abusivo de álcool.
Políticas públicas
“Foram alguns meses de trabalho em campo, conectando ciência de ponta com a realidade das pessoas. Esse estudo nos permitiu observar de perto como o DNA pode ser um aliado poderoso na prevenção personalizada ao consumo abusivo de álcool”, afirma Rodrigo Mateucci, CEO do Grupo DNA.
Segundo ele, “não se trata apenas de identificar riscos, mas de transformar informação genética em estratégia de cuidado individual e coletivo. É um novo paradigma em saúde pública – mais preciso, mais humano e baseado em dados. Acreditamos que o modelo aplicado em São Carlos pode ser replicado em larga escala, com enorme potencial para impactar positivamente políticas públicas e programas de prevenção em todo o país.”
Consumo consciente x abuso
Com base nos dados preliminares obtidos no estudo genético, destacam-se importantes insights sobre os comportamentos de consumo e predisposições relacionadas à saúde.
A análise genética revela que, em relação ao risco de consumo excessivo de álcool, 91,7% dos participantes apresentaram um consumo consciente, enquanto 8,3% estão em risco de desenvolver um padrão de consumo problemático, com 1,6% indicando um risco elevado.
Além disso, no que se refere à obesidade, 16,1% dos participantes estão classificados com obesidade grau 1, enquanto 5,4% estão com obesidade grau 2, enquanto 41,9% mantêm um peso normal e 35,2% se encontram em sobrepeso.
A análise genética também aponta um risco elevado de concentração de gordura abdominal em 20,5% dos participantes, com 48,9% classificados em risco intermediário.
Esses dados são fundamentais para entender as predisposições genéticas que influenciam comportamentos alimentares e o consumo de substâncias, fornecendo insights cruciais para a criação de estratégias de prevenção personalizadas, alinhadas ao perfil genético individual.