Os hábitos de consumo dos brasileiros passaram por transformação e impulsionaram um novo perfil de compra nos supermercados. Isto pelo menos é o que revela um levantamento da Associação Paulista de Supermercados (APAS), realizado em parceria com a empresa de inteligência de mercado Scanntech.
De acordo com o levantamento, 71% dos brasileiros mudaram seus hábitos de compra no último ano. A tendência está fortemente ligada ao maior acesso à informação, valorização da saúde e busca por praticidade.
A pesquisa identificou três grandes prioridades nas novas escolhas dos consumidores: 59% agora preferem produtos saudáveis, 57% fazem compras emergenciais em supermercados de bairro e 35% passaram a optar por itens mais baratos. Os dados mostram que o consumidor deixou de buscar apenas o menor preço: ele quer equilíbrio entre custo, qualidade e bem-estar.
Produtos como leite proteico, iogurtes funcionais, barrinhas e suplementos ganharam mais espaço nas gôndolas, impulsionados por um novo perfil de consumo, mais atento à composição dos alimentos e ao impacto na saúde. A mudança também é sentida no formato das lojas: os mercados de vizinhança se consolidam como protagonistas por sua agilidade e conveniência.
De acordo com Felipe Queiroz, economista-chefe da APAS, a mudança é estrutural e vai além de modismos passageiros. “Essa é uma tendência estrutural, nós observamos isso nas redes sociais, na internet, na sociedade na totalidade. À medida que esse consumo tem melhorado, as famílias estão tendo maior poder aquisitivo, consequentemente, elas alteram a cesta de produtos. Entre os produtos que passam a ser consumidos, elas passam a alterar da quantidade para qualidade”, afirma.
Para o economista, o setor supermercadista está se adaptando para atender às novas exigências do público. “Cada vez mais o setor supermercadista tem buscado estar mais próximo às famílias, ofertando agilidade e comodidade. Dois perfis de lojas têm se destacado nesse período, os atacarejos e as lojas de proximidade e vizinhança, desde lojas de condomínio até o investimento contínuo em pequenos mercados de proximidade”, destaca o economista.
Os sinais da tendência já são perceptíveis: redes investem em novos formatos, produtos mais naturais e saudáveis ganharam destaque nas prateleiras e o comportamento do consumidor reflete essa transformação. Com base no estudo, a Apas aponta que o cenário para os próximos meses é de continuidade dessa reestruturação dos hábitos, com oportunidades claras para marcas e varejistas que souberem alinhar conveniência, bem-estar e valor percebido em suas ofertas.
A Associação Paulista de Supermercados representa o setor supermercadista no estado de São Paulo e busca integrar toda a cadeia de abastecimento com a sociedade. A entidade possui 3 distritais na cidade de São Paulo e 13 regionais distribuídas estrategicamente pelo Estado.
Crescimento do e-commerce altera comportamentos
De acordo com o estudo “Hábitos do consumidor 2025”, realizado pela agência NP Digital em parceria com o Opinion Box, os consumidores digitais demonstram comportamentos cada vez mais conectados à conveniência, personalização e segurança.
A pesquisa ouviu mais de duas mil pessoas em fevereiro de 2025, com idades e perfis socioeconômicos variados, todas com histórico de pelo menos uma compra online nos últimos seis meses. Um dado que se destaca é o volume expressivo de consumidores que mantêm uma rotina frequente de compras pela internet, com 85% relatando aquisições algumas vezes por mês.
Entre os fatores mais citados para a escolha de uma loja online estão a facilidade de navegação, a qualidade das imagens dos produtos e a presença de descrições detalhadas. No recorte de gênero, 70% das mulheres apontaram esses elementos visuais como fundamentais na hora de decidir pela compra, reforçando o papel da apresentação nas categorias de moda e vestuário.
Setores como o de moda feminina têm se adaptado ao comportamento do público digital. Peças como vestidos longos de festa, por exemplo, aparecem com destaque em catálogos online de diferentes marcas, atendendo a um consumidor que valoriza não apenas a estética, mas também a clareza das informações e a confiabilidade do ambiente de compra.