A prisão foi resultado de um mandado expedido pela Justiça de Ribeirão Preto, onde sua trajetória no crime ganhou notoriedade.
Por trás da prisão de Luma Valeria Rovagnello, conhecida como “Penélope”, está uma teia de crimes, disfarces e conexões com o alto comando do PCC que se estendeu por anos, com raízes fincadas em Ribeirão Preto e ramificações no interior paulista.
Uma operação coordenada entre a Polícia Militar e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) culminou na prisão de Luma Valeria Rovagnello, conhecida no submundo do crime como Penélope, figura que autoridades classificam como ex-sintonia do Primeiro Comando da Capital (PCC), um dos cargos mais elevados dentro da facção criminosa.
Penélope, que estava foragida desde 2020, foi localizada em um imóvel discreto na região de Aricanduva, zona leste da capital. A prisão foi resultado de um mandado expedido pela Justiça de Ribeirão Preto, onde sua trajetória no crime ganhou notoriedade
O início, uma prisão, um fuzil e uma fuga
A primeira grande aparição de Luma nos registros policiais ocorreu em 2018, quando foi presa em flagrante portando um arsenal: um fuzil calibre 762, pistolas e munições, tudo escondido em um compartimento secreto de seu veículo. Essa ocorrência, ocorrida em Ribeirão Preto, acendeu o alerta das forças de segurança sobre seu possível papel estratégico dentro do PCC.
Mas mesmo após a prisão, a impunidade se impôs. Luma não cumpriu a pena. Ela desapareceu após a deflagração de uma operação do Gaeco em 2020, passando a figurar como foragida e, segundo investigadores, continuou a operar discretamente como peça-chave em ações criminosas.
O modus operandi: disfarce, fraude e roubo em condomínios de luxo
Um dos episódios que mais revelam o nível de sofisticação e frieza da criminosa foi um roubo ocorrido em julho de 2022, na cidade de Americana, interior de São Paulo. Conforme apuração da Polícia Civil, Luma teria alugado um imóvel em um condomínio de alto padrão usando documentos falsos, fingindo ser uma moradora comum. Poucos dias depois, ela teria conduzido dois assaltantes até a casa de uma vizinha.
A vítima foi rendida e trancada no banheiro. O grupo criminoso levou joias, relógios de luxo e objetos pessoais avaliados em mais de R$ 150 mil. Luma, segundo a investigação, era a mentora do crime. Seu disfarce, uma mulher branca, entre 30 e 35 anos, discreta e reclusa permitiu que ela se infiltrasse no local sem levantar suspeitas.“O contrato de locação foi feito mediante falsificação de documentos e dados cadastrais”, informou em nota a Polícia Civil de Americana.
Após o crime, um reconhecimento fotográfico confirmou sua identidade, e a 2ª Vara Criminal do Foro de Americana expediu nova ordem de prisão.
A queda de uma estrategista
A prisão de Luma marca, ao menos simbolicamente, o desmonte de uma das ramificações mais estratégicas do PCC no interior paulista. Segundo fontes do Gaeco ouvidas sob anonimato, Penélope desempenhava funções de coordenação e repasse de ordens do alto comando da facção, articulando operações logísticas e ataques em múltiplas cidades.
Mesmo fora dos holofotes desde sua fuga em 2020, ela continuava ativa e monitorada em várias frentes. A ação que a capturou na zona leste da capital foi resultado de meses de vigilância e troca de informações sigilosas entre unidades do Gaeco, inteligência policial e o Ministério Público.
“Ela se escondia em uma casa modesta, mas o perfil discreto escondia um passado violento e uma mente organizada para o crime”, relatou um investigador que participou da operação.
Luma está agora à disposição da Justiça, detida na capital paulista. Ainda não há informações sobre transferência ou detalhamento das acusações que deverá enfrentar formalmente, mas, segundo o Gaeco, os crimes incluem associação criminosa, porte ilegal de armas, roubo qualificado, falsidade ideológica e formação de quadrilha armada.
A prisão de Luma Rovagnello escancara uma verdade incômoda: o PCC não opera apenas com fuzis nas mãos, mas com estratégias de guerra silenciosa, nas sombras, nos condomínios, nas rotas do interior. A queda de Penélope é, para os promotores, uma vitória pontual em uma batalha de longo prazo contra o crime organizado em São Paulo.
—
Jornal Tribuna Ribeirão
Um Jornal com a cara de Ribeirão!
Impresso | WEB | Redes sociais
Tribuna Ribeirão – Fone: (16) 3632-2200 – Whatsapp: (16) 98161-8743
Av. Barão do Bananal, 880 – Jardim Anhanguera, Ribeirão Preto
@tribunaribeirao @meiaderibeirao @dinoderibeirao
#TribunaRibeirão #News #Notícia #RibeirãoPreto #NotíciasDeRibeirãoPreto
#ClassificadosTribunaRibeirão #Jornalismo #ClassificadosRibeirão