Ribeirão Preto é hoje um dos principais polos de saúde do Brasil. O que se vê no município é resultado de uma estrutura sólida, que combina formação universitária, pesquisa, rede hospitalar pública e privada, além de investimentos contínuos em expansão de serviços e infraestrutura.

A consolidação desse setor se apoia em raízes históricas profundas e em ações estratégicas recentes — como a USP construindo um novo complexo de saúde pública, a expansão do hospital privado da Rede D’Or e o reconhecimento internacional que Ribeirão Preto conquistou pelo tratamento de AVC.

🔍 Essa reportagem faz parte de uma série especial em comemoração ao aniversário de 169 anos de Ribeirão Preto, celebrado no dia 19 de junho de 2025. Clique aqui e veja as outras matérias. 

Livro analisa formação histórica do polo de saúde

Esse percurso de desenvolvimento é tema central do livro “Formação do polo da saúde de Ribeirão Preto: indústrias, instituições e empreendedores”, da historiadora Erika Moretini. A obra explica como o município se transformou em um centro de excelência na área da saúde, destacando o papel de empreendedores locais, instituições de ensino e políticas públicas.

Segundo a autora, esse processo começou ainda no final do século XIX, impulsionado pela riqueza gerada pela cafeicultura.

Ribeirão Preto passou a se transformar em uma cidade moderna, com uma elite econômica interessada em investir em infraestrutura, saúde e educação

afirma Moretini

Ela explica que, ao longo do século XX, a cidade fortaleceu seu perfil como polo da saúde ao reunir setores complementares. “Ela se consolidou como um polo industrial da saúde, combinando o desenvolvimento de universidades, indústrias e serviços médico-odontológicos às políticas públicas locais.”

A historiadora também destaca a articulação entre os diferentes atores como fator determinante para esse sucesso.

O diferencial de Ribeirão foi o modo como conseguiu integrar universidades, setor produtivo e governo local, criando uma base sólida para a inovação e a prestação de serviços em saúde

finaliza

USP – Entre tradição e inovação

A história da saúde pública em Ribeirão Preto está ligada à Universidade de São Paulo (USP). Desde 1952, quando a Faculdade de Medicina se instalou oficialmente, a USP constrói uma trajetória de inovação e compromisso com a assistência e a formação em saúde. No início, a Santa Casa abrigou provisoriamente os atendimentos clínicos.

Pouco depois, em 1953, um convênio com a Fundação Sinhá Junqueira viabilizou o uso do prédio na rua Bernardino de Campos, permitindo o funcionamento do futuro Hospital das Clínicas (HC).

A construção da sede própria do HC, no Campus Monte Alegre, começou em 1963 e, após interrupções, foi concluída em 1979. Nesse intervalo, o hospital consolidou sua importância, realizando feitos pioneiros como o primeiro transplante de rim com doador cadáver na América Latina, em 1968.

Dando continuidade a esse legado, a USP e a Prefeitura de Ribeirão Preto anunciaram um novo complexo de saúde pública na zona Sul da cidade, com 780 mil m², que incluirá um Hospital das Clínicas com 400 leitos, centros de reabilitação, unidades de saúde mental, pesquisa e ensino.

Com investimento inicial de R$ 281 milhões e operação custeada por Estado e município, o novo complexo será entregue em etapas, sem prazo final definido.

Novo hospital da Rede D’Or

A construção do Hospital São Luiz Ribeirão Preto, da Rede D’Or, é outro ponto de expansão no sistema de saúde da cidade. O empreendimento está em andamento dentro do Ribeirão Shopping, na zona Sul, e deve ocupar uma área de mais de 37 mil m².

Na primeira fase, será entregue uma unidade hospitalar com 138 leitos, pronto atendimento adulto e pediátrico, UTIs e centro cirúrgico. A segunda etapa prevê a construção de uma torre hospitalar com 10 andares, que elevará a capacidade para 290 leitos e incluirá diagnóstico por imagem e consultórios ambulatoriais.

O acidade on tentou contato com a rede D’or, mas não houve retorno até a publicação deste material.

Reconhecimento

O reconhecimento de Ribeirão Preto como a 1ª Cidade Angels no mundo no tratamento de Acidente Vascular Cerebral (AVC) reforça a qualidade da rede de atenção local. A certificação é concedida pela Angels Initiative, organização internacional presente em mais de 140 países e voltada à melhoria do atendimento ao AVC em comunidades locais.

O título reconhece o comprometimento da cidade com a melhoria contínua na linha de cuidado do AVC, envolvendo hospitais, profissionais de saúde e políticas públicas integradas. O programa está ativo no Brasil desde 2017 e é adotado por mais de 8 mil instituições de saúde no mundo.

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