Idosa manteve história de que nora pediu medicamento para azia e ela teria dado da caixa que retirou da casa da filha recém-falecida
Por: Adalberto Luque
Elizabete Eugênio Arrabaça Garnica, principal suspeita das mortes por envenenamento da filha Nathalia Garnica e da nora Larissa Talle Leôncio Rodrigues, em 22 de março, manteve a narrativa descrita na carta escrita por ela no final de maio.
No depoimento feito por videoconferência nesta quarta-feira (25), a idosa disse que foi até a casa da nora na véspera da morte. Acrescentou que viu Larissa comer uma pequena marmita e dizer que estava com azia. Teria dado o Prontoprazol que retirou da casa de Nathalia, após a morte da filha, em 9 de fevereiro de 2025.
Elizabete acrescentou que havia tomado um comprimido e que não passou mal. E que, quando saiu do apartamento, Larissa estava bem.

Em relação à carta, a mulher disse ter pensado melhor na penitenciária. Informou que Nathalia teria tremores nas mãos e seria incapaz de colocar o “chumbinho” no revestimento do remédio. Indagou que, talvez, a filha tivesse contado com a ajuda de outra pessoa.
Também informou que teve dengue na penitenciária, passou muito mal e fez um apelo ao juiz que cuida dos pedidos feitos pela defesa, para que ela possa cumprir prisão domiciliar, pois passa muito mal na cela.
Depoimento de Garnica
O médico Luiz Antônio Garnica, filho de Elizabete, prestou depoimento por videoconferência na tarde desta quarta-feira (25). Ele disse que, provavelmente, seria a próxima vítima de sua mãe.
Admitiu a traição conjugal, mas disse que, em 18 anos de relacionamento, jamais houve brigas entre ele e Larissa. A defesa de Garnica também fez perguntas ao cliente, sustentando, pelas respostas, que ele não teve nenhuma participação nas mortes atribuídas a ele e à mãe. O defensor manifestou que a mãe de Garnica teria feito tudo sozinha e a carta por ela escrita seria uma espécie de confissão.
Contudo, nos depoimentos, há relatos de que ele não deixava Larissa procurar um médico quando começou a passar mal. Demorou para que isso ocorresse. A polícia investiga essas informações e as possíveis motivações: questões financeiras, como as dívidas em torno de R$ 320 mil em empréstimos contraídos pela idosa, o pedido de divórcio de Larissa, que poderia acarretar em partilha de bens (Garnica tem cerca de 20 propriedades em seu nome), e outras questões.

O representante do Ministério Público de São Paulo (MPSP) já manifestou estar convicto de que os dois teriam participado da morte de Larissa e vai pedir a mudança da prisão temporária para preventiva a ambos os suspeitos. O inquérito deve ser concluído nos próximos dias e, pelo que o delegado Fernando Bravo tem dito, vai indiciar mãe e filho no caso de Larissa.
A morte de Nathalia ainda segue em investigação, embora o Instituto Médico Legal tenha emitido laudo confirmando que ela foi envenenada por “chumbinho”, embora em composição diferente da encontrada no exame feito após a morte de Larissa.
O teor dos depoimentos indicam os caminhos das defesas dos suspeitos. E ambos devem negar participação ou autoria nos crimes, como vêm mantendo até então.