Precisamos de autoestima – Tribuna Ribeirão

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Por Adriana Cristofoli

Em algum momento da vida, todos nós já nos sentimos pequenos diante do espelho. Questionamos nosso valor, nos comparamos com os outros e, muitas vezes, buscamos fora a validação que só poderia nascer dentro. É nesse vazio silencioso que o autocuidado e o amor-próprio se tornam sementes fundamentais para florescer a autoestima.

No livro “A dor só passa quando você passa por ela”, Mirim fala sobre como o sofrimento emocional, quando não acolhido, pode nos desconectar de quem somos (Divulgação)

Para Mirian Pereira, psicóloga com pós-graduação em Neurociência e Comportamento, escritora e palestrante internacional, autocuidado não é luxo e sim sobrevivência emocional. Ela afirma que durante anos no consultório e em grupos de mentoria, ouvia mulheres dizendo que não tinham tempo para si mesmas e que cuidar de si própria era sinal de futilidade. “Mas a verdade é que o autocuidado é um ato profundo de respeito à própria existência”, diz Míriam.

No livro “A dor só passa quando você passa por ela, Mirim fala sobre como o sofrimento emocional, quando não acolhido, pode nos desconectar de quem somos. Segundo ela, a dor nos faz desacreditar do nosso valor. “O autocuidado, seja um banho demorado, uma pausa para respirar ou uma conversa sincera consigo mesma, é um reencontro. É dizer ao corpo e à mente: “Eu me importo comigo””, declara.

Miriam ainda afirma que amor próprio é um ato de coragem. Muitas vezes confundido com egoísmo, o amor próprio é, na verdade, o alicerce para qualquer relação saudável, inclusive com os outros. “Quando você se ama, você se protege. Você não aceita menos do que merece. Você aprende a dizer “não” sem culpa e “sim” com consciência”, afirma.

No capítulo em que a psicóloga fala sobre “se escolher”, ela escreve da seguinte maneira: “A cura começa com uma escolha.”
E essa escolha, segunda ela, quase sempre, começa com o amor próprio. “É olhar para dentro, acolher suas falhas, perdoar suas quedas e continuar. Porque você entende que merece ser amada, antes de tudo, por si mesma”, orienta.

Autocuidado é um ato de responsabilidade consigo mesma. Não se trata apenas de cuidar da aparência, mas de olhar com carinho para suas emoções, seu corpo, seus limites e suas necessidades (Reprodução)

Sobre autoestima, Míriam diz que é construção diária. Para ela, a autoestima não nasce pronta. Ela é construída em pequenos gestos, nas decisões que você toma, nas palavras que você diz a si mesma quando ninguém está ouvindo. “Ela floresce quando você se cuida mesmo nos dias difíceis. Ela cresce quando você se acolhe ao invés de se julgar”, analisa.

No livro, ela repete uma frase que julga extremamente importante: “Você pode sonhar de novo.
E esse novo sonho começa quando você se enxerga com mais compaixão”, diz. Para Míriam, o autocuidado e amor-próprio não são metas para um futuro ideal. São práticas possíveis para o agora. “Quando você se cuida com intenção e se ama com coragem, sua autoestima se fortalece, não porque você se tornou perfeita, mas porque aprendeu a ser inteira”, finaliza.

O Tribuna Ribeirão conversou com a escritora para saber mais sobre o assunto. Ela deu orientações sobre essa conduta extremamente benéfica para todos nós.

O que é autocuidado?

Autocuidado é um ato de responsabilidade consigo mesma. Não se trata apenas de cuidar da aparência, mas de olhar com carinho para suas emoções, seu corpo, seus limites e suas necessidades. É aprender a se ouvir e a se respeitar, mesmo quando o mundo exige mais do que você pode dar.

É simples ter esse hábito?

Não é simples, mas é possível. Em um mundo que exige pressa e produtividade, parar para se cuidar pode parecer egoísmo, mas, na verdade, é sobrevivência emocional. É um processo de reconexão com quem você é, e isso exige intenção, prática e paciência.

Como não confundir com futilidade?

O autocuidado não é fútil quando nasce de um lugar de amor, e não de comparação. No livro, eu falo sobre a importância de entender que cuidar da gente é também um gesto de cura. Futilidade é quando nos perdemos em aparências para preencher vazios, autocuidado é quando olhamos para dentro e nos acolhemos com verdade.

Existe como aprender a ter amor próprio, ou ele já é inato?

O amor próprio pode até nascer conosco, mas, muitas vezes, é silenciado por experiências, críticas, traumas e pressões. A boa notícia é que ele pode ser reaprendido. No livro, eu mostro como resgatar esse amor por meio do enfrentamento da dor, da aceitação e da reconstrução de quem somos.

Quando surgiu a ideia de escrever um livro sobre o assunto?

A ideia surgiu a partir da minha escuta diária no consultório e das minhas próprias vivências. Percebi que muitas dores só se curam quando temos coragem de enfrentá-las. Escrevi o livro como uma forma de segurar na mão de quem está passando por um momento difícil e dizer: “Você não está sozinha, e vai passar, se você passar por ela.”

Quais as mensagens que você julga mais importantes de serem discutidas no livro?

A principal mensagem é fugir da dor não a faz desaparecer. Atravessar é o único caminho para a libertação emocional. Outra mensagem poderosa é que a vida recomeça todas as vezes que a gente escolhe cuidar da gente com verdade. E que mesmo nos dias mais difíceis, existe algo em você que merece ser amado.

Existem dicas para conquistar e manter a autoestima?

Sim. A autoestima é construída em pequenos gestos diários de respeito por si mesma. Algumas dicas que compartilho no livro são:

  • Estabeleça limites saudáveis;
  • Não aceite menos do que você merece;
  • Cerque-se de pessoas que te impulsionam, não que te diminuem;
  • Pare de se comparar, seu caminho é único;
  • Cuide da sua saúde mental com a mesma prioridade que cuida da física.

Autoestima não é um destino, é uma prática constante de reconexão com o seu valor.

 



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