
De acordo com o Portal de Transparência da prefeitura de Ribeirão Preto, entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2025, a BK Bank recebeu do município R$ 3.036.481,15
A RP Mobi – Empresa de Mobilidade Urbana de Ribeirão Preto S.A, a antiga Transerp, responsável pelo trânsito e transporte – descredenciou a empresa BK Bank Instituição de Pagamento Ltda., responsável pelo fornecimento das máquinas de cartões utilizadas para que motoristas com veículos apreendidos paguem as despesas de estadia e guincho quando da retirada do pátio.
A empresa prestava o serviço ao município desde março de 2023, quando venceu um chamamento público. De acordo com o Portal de Transparência da prefeitura de Ribeirão Preto, entre dezembro daquele ano e fevereiro de 2025, a BK Bank recebeu do município R$ 3.036.481,15.
A quebra do contrato com a empresa foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM) desta segunda-feira, 1º de setembro, motivado pelo fato de a BK Bank estar sendo investigada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), Receita Federal e Polícia Federal por ligações com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
A fintech foi um dos alvos da megaoperação realizada na semana passada. Com escritório na avenida Plínio de Castro Prado, no Jardim Paulista, na Zona Leste de Ribeirão Preto, é investigada por suspeita de lavar R$ 46 bilhões, entre 2020 e 2024, no esquema bilionário que investiga fraude e lavagem de dinheiro em vários setores de combustível, comandado por integrantes do PCC.
Por meio de nota, a RP Mobi lamenta as informações recentemente divulgadas envolvendo a referida empresa operadora das máquinas de cartão, credenciada em março de 2023, após chamamento público, no qual apresentou toda a documentação exigida e atestados de regularidade emitidos pelo Banco Central.
“A RP Mobi reforça que não compactua com qualquer tipo de irregularidade. Todas as transações realizadas ocorreram dentro da legalidade e com total regularidade, não havendo pendências financeiras entre as partes. Assim que tomou conhecimento das investigações, a RP Mobi suspendeu imediatamente o uso das máquinas de cartões e adotou providências administrativas”, diz em nota.
A RP Mobi afirma ainda que atualmente, os serviços de estadia nos pátios são realizados por meio de pagamento em dinheiro e Pix e já prepara um novo edital de chamamento público para restabelecer a modalidade de pagamento por cartões, garantindo a transparência e a regularidade do processo.
A companhia de tráfego e transporte público e nem o contrato com a BK bank são alvos da megaoperação da força-tarefa. No dia da operação, na semana passada, a BK Bank disse que é uma empresa regularizada, autorizada e fiscalizada pelo Banco Central. Diz que age dentro da legalidade e colabora com as investigações.
Foram cumpridos mais de 400 mandados judiciais, incluindo 14 de prisão e centenas de buscas e apreensões, em pelo menos oito estados no âmbito das operações Quasar, Tank e Carbono Oculto. Os grupos criminosos movimentaram, de forma ilícita, aproximadamente R$ 140 bilhões. Ribeirão Preto concentra o núcleo financeiro de esquema bilionário PCC no setor de combustíveis.
Ribeirão Preto foi um dos principais alvos do cumprimento de mandados de busca e apreensão. A cidade funcionava como núcleo financeiro do PCC. Na região, nas três operações, foram cumpridos mandados em Ribeirão Preto, Jardinópolis, Pontal e Barretos.
São 32 alvos, sendo 25 pessoas jurídicas e sete físicas. Entre os alvos estão uma usina de cana-de-açúcar, uma distribuidora de combustíveis em Jardinópolis e duas empresas responsáveis pela operação financeira, uma em Ribeirão Preto e outra em Barretos.