Mesmo com o estômago cheio, muitos de nós ainda buscamos aquele pedacinho de sobremesa, como se o cérebro tivesse um “espaço reservado” para ela
Cientistas descobriram o motivo pelo qual sempre sobra espaço no estômago para a sobremesa – foto Arquivo
Quem nunca experimentou a sensação de estar completamente satisfeito após uma refeição, mas ainda assim sentir uma vontade irresistível de comer algo doce?
Mesmo com o estômago cheio, muitos de nós ainda buscamos aquele pedacinho de sobremesa, como se o cérebro tivesse um “espaço reservado” para ela.
O que parecia um simples desejo de satisfação agora possui explicações científicas surpreendentes.
O desejo de doces que não se apaga com a saciedade
Essa busca por um doce, mesmo após uma refeição abundante, não tem nada a ver com falta de disciplina ou “vontade fraca”. Na verdade, o fenômeno está relacionado a uma resposta neurológica que ocorre no cérebro.
Em resumo, o cérebro reage de forma diferente ao açúcar, ativando sistemas de recompensa que não necessariamente se desligam quando o estômago está cheio.
O que a ciência tem mostrado é que o cérebro possui áreas responsáveis pelo prazer que se ativam quando consumimos açúcar. Mesmo quando a saciedade física já foi alcançada, o desejo por algo doce continua a se manifestar.
O papel das neurônios POMC e a resposta ao açúcar
Em pesquisas recentes, cientistas descobriram que certas células no cérebro, conhecidas como neurônios POMC (proopiomelanocortina), são responsáveis não só por diminuir o apetite e induzir a sensação de saciedade, mas também por aumentar a vontade de consumir doces, mesmo quando já estamos cheios.
Essas células enviam sinais para uma região do cérebro chamada tálamo paraventricular, que está intimamente ligada ao prazer e à recompensa.
Quando consumimos açúcar, especialmente após uma refeição copiosa, esse sistema se ativa e é esse processo que pode explicar o que é popularmente conhecido como o “estômago do postre” — o espaço que, misteriosamente, sempre parece estar disponível para a sobremesa.
O açúcar: uma fonte evolutiva de energia
Do ponto de vista evolutivo, o desejo por alimentos doces não é algo recente ou “cultural”. Em tempos antigos, quando a escassez de alimentos era comum, os alimentos doces — que são ricos em calorias e rapidamente absorvidos pelo corpo — representavam uma fonte essencial de energia.
Por esse motivo, o cérebro humano evoluiu para valorizar os alimentos doces, independentemente da necessidade imediata.
O desejo por doce não é apenas uma resposta a uma necessidade física, mas também um reflexo de como fomos moldados pela história evolutiva.
Como lidar com o desejo por doces de maneira saudável?
Embora o desejo por açúcar esteja profundamente enraizado em nossa biologia e história social, isso não significa que devemos ceder a ele a todo momento. Existem maneiras de redirecionar esse impulso de forma saudável.
Por exemplo, em vez de recorrer a doces processados, uma peça de fruta pode satisfazer a vontade por algo doce, ao mesmo tempo em que oferece nutrientes importantes, como fibras e vitaminas, além de ser uma alternativa com menos açúcares refinados.
Além disso, em vez de ver o desejo por sobremesa como algo negativo, é possível incorporá-lo de maneira equilibrada e consciente na alimentação.
Afinal, é possível desfrutar de uma deliciosa sobremesa, mas também respeitar os limites do corpo e optar por opções mais nutritivas.
Sempre tem um espacinho para a sobremesa
Da próxima vez que você sentir aquele impulso de comer algo doce, mesmo após uma refeição farta, lembre-se de que não é apenas uma questão de “falta de vontade”.
Há uma explicação científica por trás desse comportamento, relacionado ao funcionamento do cérebro e aos nossos instintos evolutivos.
E, com isso em mente, é possível fazer escolhas mais conscientes e aproveitar os doces de forma equilibrada e saudável.
Fonte: Tudo Gostoso