Marido e sogra de professora envenenada são presos

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Por: Adalberto Luque

O médico ortopedista Luiz Antônio Garnica, de 38 anos e sua mãe Elizabete Eugênio Arrabaça Garnica, de 67 anos, foram presos na tarde desta terça-feira (6), suspeitos de terem envenenado a professora de pilates Larissa Talle Leôncio Rodrigues, de 37 anos.

Ela foi encontrada morta em seu apartamento, na rua Ignácio Ferreira, Jardim Botânico, zona Sul de Ribeirão Preto, na manhã de 22 de março. Quem a encontrou foi seu marido. Eram casados há 18 anos.

A prisão ocorreu depois que o exame toxicológico realizado no corpo da vítima constatou envenenamento por um veneno popularmente conhecido por chumbinho. Mãe e filho já eram investigados e, antes mesmo da conclusão dos laudos, a Polícia Civil havia apreendido celulares e notebooks dos suspeitos – embora ainda constassem como testemunhas no inquérito.

Durante a coletiva, foram revelados detalhes da investigação que apontou se tratar de homicídio (Foto: Alfredo Risk)

Garnica foi preso na sua clínica médica, no Jardim Califórnia. A mãe foi presa em seu apartamento, no Jardim Irajá, ambos na zona Sul da cidade. Os dois foram levados para a Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC), no Centro de Ribeirão Preto.

Segundo o delegado Fernando Bravo, responsável pelas investigações, assim que foi constatado o envenenamento, foi pedida a prisão temporária, acatada pela Justiça. Os dois ficarão presos por 30 dias, para não atrapalhar o curso das investigações.

Segundo Bravo, o depoimento de uma amiga da suspeita ajudou a esclarecer o caso: ela foi procurada por Elizabete, que queria ajuda para comprar chumbinho (Foto: Alfredo Risk)

O delegado revelou que o depoimento de uma testemunha, prestado nesta segunda-feira (5) foi primordial para os rumos tomados. “Ontem nós conseguimos encontrar uma testemunha que relatou que a sogra estava procurando o chumbinho para comprar, aproximadamente 15 dias antes da morte, então isso nos trouxe uma segurança que ela, juntamente com o filho, mataram a Larissa”, disse Bravo.

Irmã envenenada

O Bravo confirmou que a Polícia Civil vai passar a investigar a morte da irmã do médico, que tinha 42 anos quando morreu. Segundo o delegado, as circunstâncias são semelhantes: a mãe ligou, um médico fez massagem cardíaca e não conseguiu reanimar a mulher, que era saudável.

Bravo adiantou que deve pedir a exumação imediata do corpo da irmã de Garnica. O corpo da irmã do médico foi sepultado em Pontal, onde ela morava.. Se for constatar a presença de chumbinho ou outra substância, novo inquérito será instaurado.

O promotor Nicolino disse que os dois podem responder por homicídio com qualificantes, o que resultaria em penas maiores (Foto: Alfredo Risk)

O promotor Marcus Túlio Nicolino disse que os dois podem responder por homicídio com qualificantes e que a pena, que seria entre 12 e 30 anos de prisão, pode ser maior. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Elizabete.

O advogado do médico, Júlio Mossin, disse não ter nada a declarar, pois não teve acesso aos autos, ao laudo toxicológico, nem mesmo à ordem de prisão. “Essa prisão não tem cabimento, meu cliente é inocente e vamos buscar sua liberdade”, disse Mossin.

Garnica seguiu para o IML, para fazer exame de corpo de delito. Depois seria levado para a cadeia pública de Santa Rosa de Viterbo, onde vai aguardar audiência de custódia na manhã desta quarta-feira (7).

Elizabete passou mal na delegacia e precisou ser transferida para um hospital particular, onde ficará internada com escolta policial, pois está presa (Foto: Alfredo Risk)

Já Elizabete passou mal na DEIC e precisou ser socorrida. Socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) prestaram atendimento e levaram a mulher para um hospital particular na cidade. Ela ficaria internada com escolta. Havia suspeita de um AVC, mas isso não foi confirmado.

Relembre o caso

De acordo com o primeiro boletim de ocorrência do caso, o marido teria chegado ao apartamento e localizou o corpo de Larissa caído no chão do banheiro. Colocou o corpo sobre a cama do casal, acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e iniciou massagens cardíacas.

O SAMU apenas constatou a morte da mulher. A sogra de Larissa também apareceu no imóvel. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal, para ser necropsiado.

Laudo toxicológico concluiu que Larissa foi morta por envenenamento causado por chumbinho (Foto: Redes Sociais)

Um guarda civil municipal prestou depoimento e disse que estranhou o comportamento de Garnica no dia da morte de Larissa. Segundo o agente de segurança, o marido da professora e a sua mãe tentaram limpar o quarto do apartamento.

O médico ainda teria pedido para tomar banho antes de conversar com os policiais e sua mãe teria sugerido que ele trocasse de roupa. O marido ainda teria dito que pretendia cremar o corpo da esposa.

No cinema

A Polícia Civil ouviu várias testemunhas, entre socorristas e amigos do casal e da vítima. Uma das pessoas ouvidas disse ter um relacionamento com o marido da professora há mais de um ano.

No inquérito, a mulher teria dito que, na noite em que Larissa morreu, eles teriam ido ao cinema em um Shopping, onde foram fotografados juntos. Depois passaram a noite juntos. No dia seguinte, o médico saiu do apartamento da mulher por volta de 09h00 e, por volta de 10h30, ligou dizendo que encontrou sua esposa morta.

Segundo o delegado responsável pelas investigações, isso pode ter sido uma forma de criar um álibi para tentar inocentar o suspeito. Ele disse que celular e notebook da namorada do médico foram apreendidos e serão periciados.

Vômitos e diarréia

Outra testemunha foi uma prima de Larissa que, em depoimento, relatou que a professora teria localizado uma caixa de brinquedos sexuais e uma rolha. Larissa chegou a enviar fotos, que a prima repassou para os investigadores anexarem ao depoimento.

A professora também confidenciou à prima estar desconfiando que o marido teria um relacionamento extraconjugal. Contou que a professora foi até o endereço da mulher com quem o médico se relacionava e filmou o carro dele entrando na garagem do condomínio. Também relatou que a professora ficou doente dias antes da morte, com diarreia e vômitos, sendo medicada pelo marido e a sogra mandou sopa para ajudar na recuperação.

Já um amigo da professora disse ter ouvido que a mulher com quem o médico se relacionava era frequentadora da academia onde Larissa dava aulas. Ele disse que a professora chegou a pedir divórcio, mas o marido não aceitou.

O amigo mencionou que, no dia 16 de março, ouviu da professora que ela teria comido um doce, sem saber dizer a origem. Depois teve tremedeiras, vômitos e diarreia e, no mesmo dia, teria sido medicada pelo marido, que também trouxe uma sopa, que teria sido preparada pela sogra da professora.

A mãe do médico declarou ter ido ao apartamento do casal na véspera da morte da professora. Teria ouvido da nora que o filho estaria tendo um relacionamento extraconjugal. O delegado acredita que a mulher possa ter administrado o chumbinho nas sopas que levara para a nora.

Advogado da família

O advogado da família disse que, neste primeiro momento, em respeito à família que está muito abalada e à memória de Larissa, não vai se pronunciar. O pai de Larissa estaria muito abalado com tudo. No final de 2024 ele perdeu a esposa, mãe de Larissa, que morreu em março deste ano.



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