Após anos de estudos intensos, um ex-morador de Ribeirão Preto foi aprovado no CACD (Concurso de Admissão à Carreira Diplomático), realizado por aqueles que querem ingressar na carreira de diplomata.
O processo seletivo é considerado um dos mais difíceis do Brasil, devido à alta concorrência, à abrangência de conteúdo cobrado. As inscrições para o CACD 2025 estão abertas e os participantes terão até o dia 4 de junho para se candidatar – clique aqui para saber mais.
Embora tenha nascido na Capital, Pedro Graminha, que atualmente tem 28 anos, se mudou para Ribeirão Preto antes de completar um ano. Morou por muitos anos no Ipiranga, bairro na zona Norte do município, e estudou no Colégio Auxiliadora.
Ao portal acidade on, o rapaz, que atualmente mora em Brasília-DF, devido à aprovação no CACD, contou que tem boas recordações do tempo em que viveu na cidade. No entanto, “se sente em casa” graças a semelhança com a cidade no interior de São Paulo.
Acho que foi a cidade que eu morei por mais tempo […] As lembranças que eu tenho de Ribeirão são todas muito positivas. Brasília, inclusive, me lembra muito Ribeirão pelo jeito da cidade. É um clima bem parecido… quente. Então estou me sentindo em casa aqui, muito pelas lembranças que eu tenho aí de Ribeirão
Descobrindo a diplomacia durante a graduação
Pedro conta que se interessou pela carreira de diplomata enquanto morava em São Paulo e cursava jornalismo na ECA-USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo). Ele diz conhecia a área, mas na época dos vestibulares, não havia pensando em seguir nesse campo.
Eu não estava muito satisfeito assim com a carreira de jornalismo. Até pensei em fazer outra graduação, e nesse processo acabei fiquei sabendo da filha de uma colega da minha mãe que era diplomata. Foi a primeira pessoa que eu conheci que tinha tentado. Eu já sabia o que era diplomacia, sabia que tinha um concurso e que era bem difícil, bem disputado, então isso não passava pela minha cabeça na época de escolher uma graduação e prestar vestibular
Ao conhecer mais sobre a área – e perceber que ela envolvia assuntos que o interessavam, como por exemplo, política internacional e idiomas -, o rapaz decidiu que iria estudar para o CACD quando terminasse a graduação.
Para participar do processo seletivo, os interessados precisam ser brasileiros natos, ter no mínimo 18 anos e possuir um diploma de ensino superior. Portanto, com o apoio da mãe, começou a estudar assim que finalizou o curso de jornalismo.

Obstáculos emocionais durante a preparação
A preparação para o CACD durou quatro anos e meio, a maior parte deles em Araraquara – cidade em que morou com a mãe – durante a pandemia.
Ele conta que durante esse processo, sua maior dificuldade não foi estudar o conteúdo necessário, mas sim lidar com aspectos emocionais. “Acho que o CACD é muito interessante do ponto de vista de matérias […] então não foi nem um pouco a parte de conteúdo, foi mais a parte psicológica”.
Apesar das dificuldades, ele reforça que nunca pensou em desistir e procurou meios para conciliar os estudos. “Nesse último ano a parte financeira já estava pesando mais, apesar de estar com o apoio da minha mãe. Então eu até pensei: ‘vou prestar outros concursos públicos. Se passar eu poderia ter um trabalho que me permitisse conciliar com os estudos”’.
A importância da terapia e da rede de apoio
O rapaz ainda lembra que sua aprovação foi marcada por altos e baixos. Em 2023, por exemplo, Pedro foi eliminado na primeira fase do CACD – sendo que no ano anterior, ele chegou até a fase final, muito próximo de ser aprovado.
Após o ocorrido, Graminha procurou um terapeuta para conseguir trabalhar todo o seu aspecto emocional. “A terapia ajudou muito. Pelo menos eu consegui olhar de maneira mais racional as questões que estavam sendo colocadas, de entender que não é a aprovação no concurso que define quem eu sou”.
Além disso, o jovem diplomata ainda disse que contou com uma rede de apoio de pessoas que acreditavam nele e que estavam ali para “acolher quando foi necessário”.
Rotina de estudos
Durante os quatro anos em que estudou para o CACD, Pedro conta que “aprendeu a estudar”. No começo, fez parte um ‘cursinho’ com muitas matérias, o que em sua visão, “não foi uma boa estratégia, porque tem que abraçar o mundo de uma vez e acabei não conseguindo absorver tudo na profundidade que era necessária para fazer a prova”.
Depois de alguns erros, Pedro conta que identificou a melhor forma para fixar o conteúdo aprendido: escrever. “Eu desenvolvi um caderno digital, então eu ia anotando e sempre complementando. Enfim, foi um processo de tentativa e erro, sim, se for para resumir”.
A aprovação e o início no Itamaraty
A aprovação veio com um sentimento de alívio. “[Quando fui aprovado] Nem tive a explosão de felicidade, porque acho que demorei de processar. Acho que ainda estou processando. Foram quatro anos de muito esforço. Apostei alto, mas valeu a pena.”
Atualmente, Pedro está participando do curso no IRBr (Instituto Rio branco), responsável por formar diplomatas brasileiros – processo necessário antes de ingressar, de fato, no Itamaraty.

Contudo, já participou de alguns eventos para colocar em prática o que tem aprendido, como por exemplo, na reunião dos Ministros das Relações Exteriores do BRICS, no Rio de Janeiro. Ele também se prepara para atuar na COP 30, que acontece em novembro deste ano, na cidade de Belém.
Minha prioridade agora é ir aprendendo tudo que dá para aprender, trabalhar bem nesses eventos e descobrir qual é a minha área. Acho que a grande vantagem da diplomacia é que é uma carreira que muda muito, o tempo todo. Então a gente sempre está num lugar diferente, fazendo uma função diferente
Persistência e realismo
A carreira diplomática brasileira ainda enfrenta um grande desafio no Brasil: tornar-se mais inclusiva. Contudo, Programas de Ações Afirmativas, que buscam combater desigualdades e discriminações em diversas áreas, fazem parte do CACD.
Embora não tenha sido uma exceção, já que reconhece os privilégios que teve durante sua preparação, Pedro cita o PPA como uma alternativa para esse cenário. Além disso, ele diz que outras opções são cursinhos de preparação mais acessíveis e materiais gratuitos que são disponibilizados através de redes sociais.
O conselho para quem quer tentar [o concurso] é estudar. Não tem como fugir disso. Você tem que estudar bastante e é importante ter em mente que é um projeto de médio longo prazo. Eu acho que quanto mais realistas forem as expectativas, melhor é para gerir as emoções também
O rapaz finaliza dizendo que é preciso entender que a reprovação e a frustração fazem parte do processo, e esse é um processo longo. “Vai demandar muito, vai demandar não só esforço, mas a abdicação de coisas, horas de lazer e de dinheiro também. Mas se é o que você quer, tem que se manter firme no projeto que uma hora dá certo”.
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