Apesar dos sintomas parecidos, condições têm causas e tratamentos distintos; entenda como diferenciar e o que fazer em cada caso
Gastroenterite e intoxicação alimentar têm sintomas semelhantes, mas são bem diferentes – foto Arquivo
Se você está com dor de barriga, diarreia e vômitos, é fácil culpar uma “virose” ou alguma comida estragada. Mas afinal, qual é a causa? Gastroenterite ou intoxicação alimentar? E qual é a diferença entre elas?
Veja abaixo como descobrir e as principais formas de tratar cada caso.
O que é gastroenterite?
A gastroenterite ou infecção intestinal é causada por um vírus, bactéria ou outro microrganismo.
O intestino é repleto de células, incluindo microrganismos benéficos e as que revestem suas paredes. Quando vírus, bactérias ou outros micróbios invadem o intestino, eles se multiplicam, se instalam em grande número e acabam inflamando as células da mucosa intestinal.
O sufixo “-ite” em gastroenterite significa justamente inflamação.
A gastroenterite é extremamente comum. Na Austrália, estima-se que ocorram 17,2 milhões de casos por ano.
De onde vêm esses microrganismos causadores da gastroenterite?
Comer alimentos contaminados costuma ser uma das fontes. Mas também é possível contrair esses micróbios de outras formas.
Por exemplo, se você tocar uma superfície contaminada com vômito de alguém com gastroenterite viral, esse vírus pode passar para suas mãos. E se você levar as mãos à boca, pode acabar se contaminando também.
O que é intoxicação alimentar?
Intoxicação alimentar é o termo usado para descrever quando uma pessoa adoece após consumir alimentos contaminados com produtos químicos, microrganismos ou toxinas.
Por exemplo, se você ingerir alimentos contaminados com pesticidas ou álcool metílico (metanol), isso é considerado intoxicação alimentar. O mesmo vale para o consumo de peixes venenosos (como baiacu) ou cogumelos tóxicos. N
o entanto, não se considera intoxicação alimentar os efeitos causados por alergias alimentares.
A grande maioria dos casos de intoxicação alimentar está relacionada à ingestão de alimentos contaminados por microrganismos ou pelas toxinas que eles produzem.
Ao consumi-los, é como se o organismo sofresse um “ataque relâmpago”: as toxinas, em especial, podem causar inflamação e danificar rapidamente o revestimento do intestino.
Para complicar, a intoxicação alimentar também é chamada com frequência de gastroenterite transmitida por alimentos.
A intoxicação alimentar também é comum na Austrália. Estima-se que represente cerca de um terço de todos os casos, totalizando cerca de 5,4 milhões de casos por ano.
Como distinguir uma da outra?
Tanto a gastroenterite quanto a intoxicação alimentar causam sintomas como diarreia, vômito, náusea, cólicas abdominais, febre e dores de cabeça. Mas esses sintomas podem aparecer de formas diferentes.
A gastroenterite viral, como a causada pelo norovírus, geralmente provoca sintomas entre 24 e 48 horas após a exposição e costuma durar de um a dois dias.
Já a intoxicação alimentar causada por toxinas microbianas pode surgir muito mais rapidamente. Por exemplo, as toxinas da bactéria Staphylococcus aureus podem causar sintomas em até 30 minutos após o consumo de carne malcozida ou outro alimento contaminado.
Felizmente, os sintomas costumam desaparecer em 24 horas.
No entanto, nem todos os casos de intoxicação alimentar bacteriana causam sintomas tão rapidamente.
A Listeria, por exemplo, pode demorar até 70 dias entre a exposição e o aparecimento dos sintomas — embora, em média, leve cerca de três semanas. Esse período de incubação longo pode dificultar a identificação do alimento responsável.
Como regra geral, a intoxicação alimentar tende a ocorrer rapidamente (em poucas horas) após o consumo do alimento contaminado, enquanto a gastroenterite pode levar um dia ou mais para causar sintomas. Mas não há uma regra definitiva.
Como prevenir?
As mesmas precauções na manipulação de alimentos ajudam a prevenir tanto a gastroenterite quanto a intoxicação alimentar. Essas medidas reduzem o risco de adoecer e de transmitir microrganismos para outras pessoas:
– Lave bem as mãos com água e sabão antes de preparar alimentos;
– Use tábuas e utensílios diferentes para alimentos crus e cozidos para evitar contaminação cruzada;
– Cozinhe bem os alimentos e armazene-os em temperaturas seguras;
A gastroenterite também pode ser transmitida de outras formas. Por exemplo, pelas fezes presentes nas mãos de quem não as lavou após ir ao banheiro ou trocar a fralda de uma criança. Por isso, lave sempre as mãos após essas atividades.
Para evitar que outras pessoas adoeçam, desinfete rapidamente e de forma completa as superfícies contaminadas após vômitos ou episódios de diarreia.
Primeiro, use luvas e limpe a superfície com água quente e detergente. Depois, desinfete com água sanitária doméstica que contenha 0,1% de hipoclorito.
Como se recuperar?
O tratamento tanto da gastroenterite quanto da intoxicação alimentar foca na prevenção da desidratação e no alívio dos sintomas.
Para evitar a desidratação, beba bastante líquido. Em casos moderados ou graves, é possível comprar soluções de reidratação oral em farmácias.
Fonte: O Globo